As dores na região cervical ocorrem em 55% das pessoas em alguma fase da
vida, sendo mais frequentes nas mulheres. A região cervical é constituída por sete
vértebras. A primeira, chamada de atlas, articula-se com o crânio (osso occipital) e
a sétima com a primeira vértebra dorsal. A coluna cervical exerce função de
sustentação, proteção e movimentação. Há diversos músculos que atuam na
movimentação cervical, sendo as estruturas mais frequentemente relacionadas
com a cervicalgia.
Dentre as causas da cervicalgia estão: anormalidades
musculoesqueléticas, neurológias, viscerais, tegumentares e condições
sistêmicas, ou localizadas a distância, como o tórax e a cabeça, podendo ser de
natureza traumática, inflamatória, degenerativa e neoplásica. Algumas situações
ocupacionais como posturas inadequadas mantidas durante períodos
prolongados, em ambientes insatisfatórios do ponto de vista ergonômico ou
psicológico, podem gerar dores na região cervical.
A causa mais comum de dor cervical é a Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM).
A SDM pode ser ocasionada por traumas, alterações degenerativas e/ou
inflamatórias, posturais inadequadas, ansiedade e depressão. O diagnóstico é
realizado pela pesquisa dos pontos-gatilho (pontos que quando pressionados
desencadeiam dor, geralmente irradiada para pontos à distância) nos músculos
da região cervical. Os músculos mais comumente afetados são o trapézio, o
esternocleiomastóideo, os escalenos e o levantador da escápula.
Em pessoas com queixas de dores cervicais, é importante a investigação de
traumatismos cervicais ou cranianos, disfunções intervertebrais (alterações nos
discos intervertebrais), doenças como Fibromialgia, tumores, doenças infecciosas
(tuberculose), inflamatórias (artrite reumatóide, polimiosite, dermatomiosite ou
espondilite anquilosante), doenças metabólicas e endócrinas e neuralgias.
Esta investigação pode ser feita com a realização de uma boa história clínica,
exame físico minucioso e exames complementares, como exames laboratoriais,
radiografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
O tratamento da cervicalgia baseia-se na eliminação da causa e no tratamento
da dor, que pode ser feito com medicamentos, fisioterapia, massagens,
acupuntura, psicoterapia, infiltrações e, quando necessário, procedimentos
cirúrgicos. Atualmente existem inúmeras opções de medicações, não apenas anti-inflamatórios, mas relaxantes musculares e medicações modernas para tratamento de dor crônica, os chamados adjuvantes (anticonvulsivantes e antidepressivos), entre outros.
Para auxiliar no tratamento, deve-se recomendar o uso de travesseiros com
altura adequada para acomodar a curvatura cervical, evitar posturas inadequadas,
como segurar o telefone entre o ombro e a cabeça, realizar exercícios físicos
regularmente e ajustar lentes de correção visual.
Dra.Liege Mentz-Rosano
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