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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Conviver com a dor não é normal

A dor física incomoda, influencia o humor, pode tirar o sono e levar à depressão. Pode ser aguda, de intensidade curta, ou se arrastar no corpo das pessoas de maneira permanente. Mas a dor crônica, dizem os especialistas, não é normal.
A dor aguda, recente, funciona como um alerta, para promover a cicatrização de uma área machucada. Apesar de desagradável, ela promove a sobrevivência, explica o dr. José Tadeu Tesseroli de Siqueira, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), serviço público de informação as pessoas e profissionais de saúde.
O médico cita a existência também de pessoas que sofrem de analgesia congênita, ou seja, que não sentem dor, o que as tornam mais suscetíveis a várias doenças, traumatismos, justamente por não terem o “alerta natural da dor”, o que pode levar até à morte precoce. “Por isso a dor, inicialmente, é necessária”, explica. Essa dor, chamada de “aguda”, tem valor biológico. Se a dor persistir por mais de três meses, ela pode ser considerada “crônica”, perdendo o valor biológico. A partir daí, ela precisa ser tratada.
Mapeamento da dor
Uma pesquisa realizada neste ano no Brasil mapeou o comportamento da população em relação a diferentes tipos de dor. O estudo, com parceria da SBED, ouviu 801 pessoas, em 11 capitais das cinco regiões brasileiras. A dor de cabeça é a dor mais mencionada, afligindo 80% das pessoas. Depois, com vieram as dores nas costas e membros inferiores, como pernas e pés. As dores musculares também foram citadas por 40% das pessoas. Ninguém disse nunca ter sentido dor. Onze por cento dos entrevistados sentiam algum tipo de dor constante.
O dr. José Tadeu Siqueira conta que a dor crônica passa a produzir uma série de alterações nos pacientes, que frequentam com mais assiduidade os serviços de saúde: problemas de insônia e imobilismo, por exemplo. Eles também são mais dependentes de medição, se automedicam e apresentam mais transtornos psíquicos, como depressão, angústia, ansiedade e mais são mais propensos ao suicídio. 
 




Fonte:
http://www.portugues.rfi.fr/ciencias/20141015-conviver-com-dor-nao-e-normal-diz-especialista

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Você sabe o que é CINESIOFOBIA?

CINESIOFOBIA = MEDO DO MOVIMENTO

          A dor lombar crônica (DLC) é uma das principais queixas de pacientes com desordens musculoesqueléticas e suas conseqüências incluem debilidade física, absenteísmo no trabalho e problemas psicológicos diversos. A identificação precoce de indivíduos com dor lombar com risco de tornar-se crônica é necessária para que se realizem intervenções adequadas, o mais rápido possível, a fim de evitar a cronicidade e, assim, reduzir as conseqüências econômicas, sociais e pessoais, associadas a essa disfunção.
             Apesar de vários modelos/teorias tentarem explicar a dor lombar, pouco se conhece sobre o mecanismo exato e os fatores que influenciam a sua cronicidade(3). O modelo baseado em sinais e sintomas clínicos indica que a dor é proporcional à extensão da lesão tecidual. Entretanto, há evidências de que a persistência dos sintomas de dor não pode ser explicada apenas por achados clínicos objetivos e, para esta condição, uma abordagem baseada puramente no modelo clínico pode mostrar-se insuficiente. Vários autores demonstraram existir fraca correlação entre a intensidade de dor e o grau de incapacidade e sugeriram que uma abordagem biopsicosocial pode oferecer melhor compreensão sobre a cronicidade da dor. De acordo com essa abordagem, muitos fatores associados a incapacidade funcional, tais como, cognitivos, afetivos, ambientais e sociais podem influenciar na cronicidade da dor. 
             Para explicar, na abordagem biopsicosocial, como e porque alguns indivíduos com dor musculoesquelética desenvolvem a síndrome da dor crônica, o "cognitive model of fear of movement/(re)injury" proposto por Vlaeyen et al.(6), fundamenta-se no medo da dor, ou seja, mais especificamente, no medo de que a atividade física possa causar dor e/ou reincidência da lesão. Duas respostas comportamentais opostas são postuladas, sendo que os indivíduos confrontadores enfrentam a dor na tentativa de melhora e acreditam que a presença da dor não justifica a limitação de suas atividades funcionais e os indivíduos evitadores têm medo do movimento e acreditam que a atividade está diretamente relacionada com a presença da dor. Esse comportamento evitador pode levar a distúrbios físicos e psicológicos que irão contribuir para a cronicidade da dor. 
            
             O termo cinesiofobia é utilizado para definir o medo excessivo, irracional e debilitante do movimento e da atividade física, que resulta em sentimentos de vulnerabilidade à dor ou em medo de reincidência da lesão. Nesse modelo teórico, a catástrofe da dor leva ao medo do movimento e da reincidência de lesão que, por sua vez, aumenta o comportamento evitador, resultando, ao longo do tempo, em desuso e incapacidade funcional. Vlaeyen et al. relataram que, em pacientes com DLC, a inatividade pode levar ainda à deterioração musculoesquelética, diminuição da força muscular, redução da mobilidade e distúrbios mentais, tais como somatização e sintomas depressivos.
           Um dos instrumentos mais utilizados atualmente para avaliar a cinesiofobia é a Tampa Scale for Kinesiophobia(TSK). Essa escala consiste em um questionário auto-aplicável, composto de 17 questões que abordam a dor e intensidade dos sintomas. Os escores variam de um a quatro pontos, sendo que a resposta "discordo totalmente" equivale a um ponto, "discordo parcialmente", a dois pontos, "concordo parcialmente", a três pontos e "concordo totalmente", a quatro pontos. Para obtenção do escore total final é necessária a inversão dos escores das questões 4, 8, 12 e 16. O escore final pode ser de, no mínimo, 17 e, no máximo, 68 pontos, sendo que, quanto maior a pontuação, maior o grau de cinesiofobia.
        Usando a TSK, Vlaeyen et al.(6) observaram que o medo do movimento foi o melhor preditor para o auto-relato da incapacidade, quando comparado com os sinais e sintomas clínicos, relacionados à gravidade da dor. Em um estudo coorte, a TSK foi utilizada em programas preventivos e demonstrou que indivíduos com altos níveis de cinesiofobia apresentaram maior predisposição à cronicidade e incapacidade(9)